Juizes e procuradores estão a colocar fora do Citius processos ligados ao Benfica. Receio de ataques informáticos e acesso a informação confidencial são o motivo para as medidas de proteção.
O receio de ataques informáticos e de acesso a informação indevida em processos judiciais está a levar cada vez mais juízes e procuradores a colocar peças processuais fora do Citius, de forma a evitar fugas. A decisão de tramitar os processos fora desta base de dados da justiça surge na sequência da investigação ao caso dos e-mails do Benfica, avança o Correio da Manhã na sua edição desta terça-feira.
A decisão surge da desconfiança dos magistrados no próprio sistema informático, gerada pela informação que tem vindo a circular nos últimos tempos. O jornal realça a mensagem publicada esta segunda-feira no blogue Mercado de Benfica na qual era exposta mais informação alegadamente confidencial: um ofício da procuradora Vera Camacho, do Departamento de Ação e Investigação Penal (DIAP) de Lisboa, enviado para o serviço de alojamento de blogues WordPress. Nesse documento a magistrada pedia a identificação dos IP usados para alimentar a página, explicando que aquele espaço divulgou um documento policial protegido por lei.
Um pedido que não tem travado os autores do blogue de manterem a sua atividade e de continuarem a partilhar informação relacionada com a justiça. Um dos últimos posts, do mesmo dia 12 de março, antecipa que o blogue irá divulgar um arquivo no próximo dia 18. “O próximo arquivo a ser disponibilizado será o de Ana Paula Godinho. Dia 18, às 18 horas.” O assunto não é especificado, fica-se apenas por esta declaração: “Convites, bilhetes e muita “paródia”.
Numa outra ocasião, o mesmo blogue — que nos últimos meses se tem dedicado a divulgar várias mensagens eletrónicas de dirigentes do clube das águias e outras informações relacionadas com processos em curso — partilhou informação da Polícia Judiciária relativa ao início da investigação do caso que levou à detenção do assessor jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves.
Este tipo de revelações tem gerado receio por parte de juizes e procuradores em várias comarcas do país, o que levou à decisão de proteger os processos e dados mais sensíveis das investigações fora dos sistemas de partilha de dados. Recorde-se que nas investigações em curso foi decidido separar o caso e-toupeira do caso dos mails para poder ser mais rápido. O objetivo era evitar mais fugas de informação.
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